segunda-feira, setembro 04, 2006

Sentado no Alfinete



Tem pessoas que são assim mesmo, talvez por medo de ousar, quem sabe seja por pura acomodação ou por achar que seja mais fácil quando não se tenta, quando não se batalha para conseguir as coisas. É fácil explicar como funciona esse sentimento. É como se a pessoa estivesse sentada num alfinete.

Ela diz assim:

- Ai, estou sentado num alfinete

Então uma outra pessoa, tentando ajudar, diz:

- Por que então você não levanta e tira o alfinete?

E é sempre uma desculpa como essa que a pessoa dá:

- Ai, se eu tirar pode doer mais ainda. Deixa ele assim... dói mas eu aguento...

E a pessoa se acostuma a ficar com o alfinete espetado na bunda, porque não quer correr riscos de sofrer mais. Mas não adianta nada, pois ela não vai tentar tirar. Não vai porque tem medo de ousar, desiste antes mesmo de tentar. Esse é um exemplo típico da acomodação.

As leis da Física são claras:

O inerte sempre permanecerá inerte se não houver uma força que o tire da inércia.

E essa força pode ser benígna (tirar por bem o alfinete) ou malígna (tirar o alfinete através de uma cirurgia, depois que estiver infeccionado). Não importa o quanto demore, o alfinete vai sair, mas ninguém quer que seja pela pior forma. Quando a pessoa se dá conta que está errada, pode até ser tarde demais.

Durante um bom tempo eu fui assim. Estava acomodado demais, sentado em vários alfinetes. Eram tantos que a dor foi ficando cada vez mais insuportável. Não tinha coragem de tirá-los, com medo que isso me causasse mais dor ainda.

Mas enfim, hoje minha realidade é outra, agora consegui enxergar que isso eram coisas que estavam me prejudicando e estou tirando aos poucos os alfinetes. Claro que dói mais tirar. Mas é só na hora. Se o alfinete ficar, vai ficar doendo e a dor vai aumentando cada vez mais com o tempo.

Decidi que faria isso por mim, e não pelas outras pessoas. Essa era mais justamente uma das minhas maiores acomodações: Acreditar que os maiores beneficiados pelas minhas conquistas sejam as pessoas que me motivam. De certo modo também são, mas na verdade, o maior beneficiado nas minhas conquistas sou eu. Me colocava muito em segundo plano, achava que não precisava ficar me importando comigo mesmo e que isso era uma atitude egoísta demais.

Aí eu descobri que não existe egoísmo nenhum no fato de alguém amar a si mesmo. Era a minha falta de amor próprio que não permitia que eu progredisse, pois eu sempre fazia as coisas pelas outras pessoas e esquecia de batalhar por mim mesmo, me esquecia que eu tinha minhas próprias necessidades e minha própria vida. Esse alfinete foi doloroso pra tirar, pois eu já estava há muito tempo com ele. Ainda bem que eu o tirei. Ainda estou curando a ferida que deixou.

Faltam muitos ainda. Não é possível tirar todos de uma só vez. Enquanto isso, vou planejando qual deles será o próximo. É tudo uma questão de prioridades: Os que estão há mais tempo precisam ser retirados primeiro, depois será a vez dos outros que incomodam pouco ainda, mas não deixarão de incomodar até que eu os tire.

É essa a lição que estou aprendendo dessa vez:

O que está me prejudicando será eliminado da minha vida. Isso é um grande passo para quem está começando a andar pra frente agora, por estar à muito tempo parado. É pensando no meu futuro que estou fazendo isso. Não é possível andar pra frente quando se está voltado para trás, olhando para o passado. A não ser que se ande de costas, sem olhar pra frente. Mas aí as chances de tropeçar por não enxergar obstáculos que estão no caminho são enormes! É preciso olhar para frente para enxergar o que nos espera. E passar pelos obstáculos sem evitá-los.

Quando a gente vence os nossos medos, a conquista torna-se muito mais prazeirosa.