segunda-feira, novembro 19, 2012

Solidão



De tanto que andei sozinho
até a solidão me abandonou.
Procurei por um carinho
que ainda não me encontrou.

Das montanhas às serras,
nos subúrbios das cidades,
em paz, criando guerras,
cometendo atrocidades,

procurando um grande amor
ou talvez só um romance,
me causando imensa dor
ou só passando de relance.

Talvez eu não saiba
o que eu procuro.
Pode ser que eu caia
em um canto escuro

e não veja mais a luz,
aquela que me iluminou,
para que eu faça juz
ao que já germinou.

Mas se eu encontrar
aquela pessoa certa
que vai me amar
com a mente aberta,

pode ser que seja tarde
pra que eu finalmente veja,
sem fazer nenhum alarde,
quem eu realmente seja.

segunda-feira, outubro 15, 2012

Medidas


Das coisas que faço
todo mundo adora falar.
Pois há cigarros em meu maço
que alguém veio me dar.

Que graça tem falar de mim?
Eu na falo de ninguém!
É injusto isso emfim,
viver a vida de alguém.

Se quero ser correto,
dizem que estou errado.
No entanto nem estou perto
de a todos ter agradado.

E nem é este o meu fim.
Para que agradar aos outros
se faço isso só para mim?
Os outros que são loucos?

Talvez sejam
ou talvez não.
Alguns beijam
a minha mão

Outros me tacam tomate
no meio da pista.
Isso faz parte
do que é ser artista

Mas das coisas pequenas
ninguém quer saber.
Estas coisas faço apenas
para quem merecer

De pequenas à grandiosas
as coisas se transformam
de adoráveis à odiosas
para os que mal se informam.

Que se foda o que pensam de mim!
Ninguém controla minha vida!
Vivo muito bem assim
e talvez seja a minha sina:

Empequenar as coisas grandes
e engrandecer as coisas pequenas,
sem agradar a ninguém antes
a não ser a mim, apenas.

A Chama Arde


Vá em frente,
infrinja as regras.
Quebre a corrente,
atinja suas metas.

A vida tem pressa
pra quebrar a rotina
e esta conversa
não será contida.

Assuma o comando
antes que seja tarde.
Pois é só amando
que a chama arde.

Queima e nos faz ver
que não nos resta tempo
para que possamos perceber
o que ainda resta por dentro.

Mas e se ninguém mais ama?
Aí perderemos as esperanças?
Onde será que resta a chama?
No coração de nossas crianças?

Ou ainda dentro de nós?
Junto às cicatrizes e feridas
ou não seria após
nossas frustradas tentativas?

De tentar mudar o mundo,
de deixá-lo menos injusto,
talvez menos imundo,
isso tudo a um grande custo.

Mas não há preço a pagar
pela minha liberdade,
condenado a vagar
até o fim da eternidade.

Lutando por um ideal
que sei que faço parte.
Mas lutar assim é igual
a ir à pé para Marte.

A chama arde! Sei disto! Mesmo assim eu vou!

Pedaço de Mim


Ó Mãe Natureza,
pedaço de mim.
És de uma beleza
que nunca tem fim.

Venho a Ti agradecer
por ser digno de estar
ver, ouvir e merecer
Tua presença em meu altar.

Não venho pedir nada.
Eu lavo minhas mãos.
Mas não custa dar uma olhada
Pela alma dos meus irmãos.

Que alcancem o sucesso
pelos próprios méritos.
É isto que peço
sem pedir créditos.

Para mim, só peço mais fé.
Fé em Ti e na humanidade,
para que sobreviva até
a mais hostil calamidade.

Pois minha existência é curta
perto da grandeza da Tua.
Mas há quem ache absurda
A ida do homem à Lua.

Mas o homem achou que é Deus
Quando enfim te conheceu.
Mas poucos disseram adeus
ao que se estabeleceu

Transformaram a moeda
eu sua divindade
e tornaram como meta
sua prosperidade.

Mas que falso Deus é este
que a Ti mata rapidamente?
O dinheiro, ao que me respondeste
não dominará a minha mente!

sexta-feira, julho 27, 2012

Se Ela Soubesse...


Vou dormir pensando nela... 
Ah, se ela soubesse
que logo vem a primavera
justo essa, que não aquece

Melhor é o inverno
Pois o frio esquenta
Mais que o inferno
Em câmera lenta

Dormir abraçado
Neste frio de lascar.
Do edredon, enrolado,
Ninguém quer levantar

Porém ela não me quer
E o inverno vai passar
Com uma desculpa qualquer
Ela consegue me dispensar

Ah, mas se ela quisesse...
Eu daria o que ela sempre sonhou
Mas não é assim que acontece
Do amor nada sobrou

Corações machucados
Guardam lembranças
E nem sempre curados
As transformam em lanças

sexta-feira, junho 01, 2012

Lindas, Todas Elas


Mulheres, lindas, todas elas
Mas sabe porque são belas?
Simplesmente porque são!
E não há contestação

São belezas diferentes
Mesmo entre parentes
Mulheres com toques floridos
Alegram desde irmãos até maridos

Com uma maneira peculiar
De nossa paciência tirar
Todas elas são iguais?
Ou não enxergamos mais?

Que cada uma é única
De camisola ou túnica
Semi-nua ou de vestido
Cada uma tem um estilo

Mas lindas são, todas elas
Não sei explicar porque são belas
Simplesmente elas são!
Porque tocam meu coração!
 

Meio Amagrelado


Carrego um corpo quente
Com mente, alma e semente
Ele é dado de presente
Pelo pai e mãe da gente

E dele me cabe
Cuidar, quem sabe
Tomar chá-mate
Limpar a face

Dormir e acordar
Ter fome, almoçar
Peidar, arrotar
Mijar e cagar

Entrar na mesmice?
Mas quem foi que disse?
Rotina é chatice!
Mas que esquisitice!

Abrir os olhos e ver
Que tenho que agradecer
Por forte e saudavel eu ser
E por artista eu querer ser

Pois meu corpo é uma festa
E já que estamos nesta
Levantemos nossa testa
E sairemos vivos desta

Pois sei que podemos
Afinal nós vivemos
Como queremos
Ensinamos e aprendemos

Correndo ou andando
de bicicleta ou nadando
de para-quedas pousando
solteiro ou namorando

É sempre ele ao meu lado
Ou em mim, pra não falar errado
Este corpo, meio amagrelado
Carrega todo o meu legado

E quando não tiver mais vida
Talvez a estrada seja mais colorida
Com a psicodelia de uma roupa florida
E uma memória que nunca será esquecida

O Mudo Tagarela


O que são olhares?
Infantarias do desejo?
Às centenas ou milhares?
Percursores de um beijo?

Um olhar é mudo
Mas tem algo a dizer
Diz pouco mas diz tudo
E é fácil de entender

Quando olhares se cruzam
Em um mesmo sentido
Com certeza abusam
Do que é indefinido

Pois a linguagem do olhar
Mesmo muda é tagarela
Não preciso nem falar
Quando eu olho pra ela

Mas será que ela entendeu?
Eu já dei o meu recado
E se ela agora respondeu
Me aproximo com cuidado

Os olhares se tocam
Durante uma eternidade
Mas é só quando se focam
Que eles dizem a verdade

Pois é difícil de mentir
Quando alguém encara a gente
Não há mais para onde ir
Só dá para ir em frente

Os olhos fecham então
Nada mais a dizer
Bate forte o coração
Para o beijo acontecer

Quando os olhos se abrirem
E voltarem a se falar
Pode ser que compartilhem
Do assunto a se tratar

Pois mesmo sincero
Pode até não concordar
Com aquilo que quero
Com meus olhos falar.
 

Para hoje...


Ser simplesmente eu
Fazer alguém sorrir
Verificar que valeu
Ver uma flor se abrir

Sair por aí
Sem destino
Entrar ali
Como clandestino

Andar de bicicleta
Sem a menor preocupação
E dar volta completa
Na cidade ou no quarteirão

Praticar um esporte
E treinar um tanto
Pra ficar forte
E perder de vez em quando

Tocar meu violão
Pois assim que se agita
Cantar uma canção
Beijar mulher bonita

Jogar videogame com ela
Embaixo do cobertor
Com brigadeiro de panela
Pra depois fazer amor

Levar minha mensagem
Pra quem precisa ouvir
E fazer sacanagem
Com quem quiser curtir

Amar a natureza
Comer cacho de uva
Admirar a beleza
De um dia de chuva

Ajudar a quem precisa
Fazer um lindo verso
Levantar uma pesquisa
Sobre a origem do universo

Não, não é só para hoje...
... é para sempre!
 

Dom Secreto


Poesia de Leandro Lantin e Marília Andrade, feita em 2007.
Obrigado por tudo que você me ensinou, Marília. Que Deus a tenha.

Os dias passam
E se disfarçam
Em anos-luz

A eternidade
Da humanidade
Me seduz

Tudo que eu sei
E que conquistei
Não foi só pra mim

Somos grandes mestres
Cada um de nós
Basta dar o exemplo
Pro mundo ficar melhor

Do filho ao neto
O dom secreto
Vai se repetir

O conhecimento
A cada momento
Vai se expandir

Porque ao mundo
Não viemos
Só pra aprender

Porque o que eu vi
E o que eu aprendi
Não só eu vou saber

A responsabilidade
De fazer o certo
Está na mão de todos
Os que são mais velhos

E a cada jovem
O dever é aprender
Pra passar pro próximo
Saber o que fazer

Aeroporto de Mosquito


Cortei o cabelo,
Mais uma vez
Foi por desapego?
Dinheiro talvez...

Já não aguentava
As longas madeixas
E já escutava
Algumas queixas

"Parece mulher
Quando vê de costas"
Se é um louco qualquer
Já falo umas bostas

Pois é inaceitável
Esse tipo de preconceito
O cabelo impecável
Combinava com meu jeito

Mas cortei o cabelo,
Mais uma vez
Foi por desapego?
Dinheiro talvez...

E inveja feminina
quase fez ele cair
Usei até vitamina
Pro cabelo reluzir

Tudo isso foi em vão?
Raspei tudo de uma vez!
Não há mais cabelo não!
"Olha só o que você fez!"

Só sobrou foi a careca
Ficou um tanto esquisito
Cabeção de perereca
Aeroporto de mosquito

Cortei o cabelo,
Mais uma vez
Foi por desapego?
Dinheiro talvez...

E não é que valeu?
Rendeu uma graninha
Mas será que sou eu?
Idéia doida essa minha...

Juro que eu não minto!


Já tive grandes paixões
E tive grandes sonhos
Que instigaram corações,
Das que moldam quem somos

E desde que provei o sabor
Do sexo e da paixão
Eu senti o verdadeiro amor
Pela busca do tesão

Algo que talvez aumente
Todo o tesão que sinto
É uma coisa que é da gente
Juro que eu não minto!

Um tesão maior do que já é
Faz o nível de exigência subir
Mas e aí quando não der?
O esquema, amigo, é desistir.

Não adianta dar murro em ponta de faca
O que é pra ser, será!
Porque quando a coisa empaca
Outro lance eu vou procurar.

Algo que talvez aumente
Todo o tesão que sinto
É uma coisa que é da gente
Juro que eu não minto!

E desde que provei o sabor
Do sexo e da paixão
Eu senti o verdadeiro amor
Pela busca do tesão

Algo que talvez aumente
Todo o tesão que sinto
É uma coisa que é da gente
Juro que eu não minto!


Insuficiência


Nunca tá bom
Sempre é pouco
Faltou aquele som
Nunca tem troco

O chão nunca tá limpo
O ônibus sempre demora
Falta ouro no garimpo
Quero comprar cigarro agora

Eu sempre quero mais
Mas ponho a mão na consciência
Vou lidando, eu sou capaz
Com a insuficiência

Faltou água na minha rua
E tem buracos na calçada
A nuvem tá cobrindo a Lua
E eu tô perdendo a minha amada

Paro e penso nisso tudo
E logo fico assustado
Como se ficasse mudo
E ao mesmo tempo abestalhado

Se eu quero sempre mais
Do que eu não posso ter
Logo vou correr atrás
Pro meu sonho não morrer

Mas vou indo devagar
com cuidado e precaução
Muito tempo pra pensar
E muito amor no coração

Pois se isso me enraivece
Não é coisa que se faça
Dia-a-dia que amanhece
Quando o tempo nunca passa

Eu sempre quero mais
Mas com paciência
Vou esperando, eu sou capaz
Com inteligência
 

Compartilhando com Desconhecidos


Navegando pela Net
Somos todos belos
Jogamo-nos confete
Enchendo nossos egos

Mas esta não é a verdade
Só nos passamos por modernos
Nós temos certa vaidade
Sabemos que não somos eternos

Sobre nossas vidas escrevemos
E sobre tudo nós contamos
Mesmo para quem mal conhecemos
E para a família nos calamos

Nos aproximamos das pessoas distantes
E nos distanciamos das pessoas próximas
É tão fácil que, em instantes
Encontramos conversas ótimas

Dizem que é coisa do capeta
Dizem que nos torna menos humanos
Alguns dizem: Não se meta!
Outros dizem: Nós te amamos!

Não precisamos ter medo algum
Do que somos, lemos ou escrevemos
Pois nesse mundo há sempre um
Que concorda com o que dizemos

Mas quando a fronteira é quebrada
Não temos mais onde nos esconder
A parede do anonimato é derrubada
E é preciso falar ao invés de escrever

E muitas vezes nos decepcionamos
Quando vemos que as pessoas são assim
Mesmo quando as barreiras derrubamos
A pessoa cria outras até o fim

Pois o que sempre foi fácil de esconder
Agora fica difícil de mostrar
Tem coisas que a gente quer esquecer
E que não são fáceis de revelar

Nossos sonhos, medos e desejos
Compartilhamos com desconhecidos
E nos esquecemos de dar beijos
Nos nossos parentes e nossos amigos